Jornada dos 7 Sacramentos no Corredor Central da Catedral Basílica de Nossa Senhora de Lourdes em Apucarana
Ao atravessar o corredor central revitalizado da nossa Catedral Basílica de Nossa Senhora de Lourdes, cada fiel é convidado a contemplar e vivenciar a presença divina através dos sacramentos. Estes medalhões, que simbolizam os sete sacramentos da Igreja Católica, marcam o caminho da vida cristã e guiam cada um de nós na jornada da fé.
Os sacramentos são sinais visíveis e eficazes da graça de Deus, instituídos por Cristo e confiados à Igreja. Cada imagem esculpida e simbolizada nos recorda um dom particular de Deus para o fortalecimento da nossa caminhada cristã, desde o Batismo, que nos inicia na fé, até a Ordem e o Matrimônio, que nos enviam ao mundo para viver o amor de Deus em nossas vocações.
Medalhão do Sacramento da Ordem
Este medalhão nos convida a refletir sobre o ministério e a missão daqueles que foram consagrados ao serviço da Igreja em três graus distintos: o diaconato, o presbiterato e o episcopado.
Centralizando o medalhão, encontramos a mitra, que representa a plenitude deste sacramento, o episcopado, conferido aos bispos, sucessores dos apóstolos. A mitra é um símbolo de autoridade e unidade na Igreja, e suas ínfulas abrangendo os outros graus refletem a função do bispo como guia espiritual dos diáconos e presbíteros, em comunhão com Cristo e a Igreja
À esquerda, os elementos do jarro, bacia e toalha remetem ao ministério do diaconato. Estes símbolos recordam o gesto de humildade de Cristo ao lavar os pés dos apóstolos, conforme narrado no Evangelho de João, e refletem a vocação do diácono para o serviço. Como primeiro grau do Sacramento da Ordem, o diaconato envolve o serviço direto à caridade, à Palavra e à liturgia.
No lado direito, a estola verde que surge de trás da mitra e repousa sobre a ínfula direita representa o presbiterato, segundo grau do Sacramento da Ordem. A estola, símbolo do poder sacerdotal, é usada pelo presbítero para pregar o Evangelho, guiar a comunidade cristã e administrar os sacramentos. A cor verde, que no calendário litúrgico está associada ao Tempo Comum, destaca a presença constante e o papel do presbítero na jornada cotidiana da fé dos fiéis, renovando a esperança e fortalecendo a vida espiritual da comunidade cristã.
Este medalhão do Sacramento da Ordem nos lembra da dignidade e da responsabilidade deste sacramento. Em cada um de seus graus, o ordenado é chamado a servir e santificar o povo de Deus, em um compromisso de unidade e fidelidade.
Medalhão do Sacramento do Matrimônio
O medalhão do Sacramento do Matrimônio evoca a beleza, a dignidade e o compromisso desse sacramento sagrado. Ao centro, observamos a pomba do Espírito Santo, envolta pelas alianças dos esposos, símbolo da presença divina que sela o vínculo matrimonial. A pomba representa o Espírito Santo, que fortalece o amor entre os cônjuges e lhes concede a graça de viverem em fidelidade, generosidade e santidade, de acordo com o ensinamento de São Paulo: “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
As alianças, colocadas ao redor da pomba, são o sinal visível da promessa de amor e fidelidade perpétua entre o casal. Em sua forma circular, representam a eternidade e a indissolubilidade do casamento cristão, chamado a refletir o amor fiel e inquebrantável de Cristo pela Igreja. De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, o casamento é uma união irrevogável, marcada pela aliança divina, em que os esposos se tornam “uma só carne” (Gn 2,24; Mt 19,6), refletindo o mistério do amor trinitário.
Abaixo das alianças, duas rosas vermelhas representam os próprios esposos. O vermelho, cor tradicionalmente associada ao amor e ao sacrifício, recorda o chamado dos cônjuges a uma entrega mútua que envolve tanto a alegria quanto os desafios do matrimônio. A tradição cristã enxerga no casamento uma vocação ao amor sacrificial, semelhante ao amor de Cristo por sua Igreja. Além disso, o simbolismo das rosas remete ao Cântico dos Cânticos, onde o amor humano é celebrado como reflexo do amor divino e considerado digno e belo.
O medalhão do Sacramento do Matrimônio nos lembra, assim, que o matrimônio cristão é uma união sagrada, selada pelo Espírito Santo, que fortalece o amor entre os esposos e lhes confere a graça necessária para crescerem juntos na fé e na santidade.
Medalhão do Sacramento da Unção dos Enfermos
Este medalhão, dedicado ao Sacramento da Unção dos Enfermos, nos leva a contemplar o cuidado e a misericórdia de Deus para com aqueles que estão enfrentando a doença ou a fragilidade.
No centro, ocupando a maior parte do espaço, está a cruz, símbolo central da fé cristã e da redenção em Cristo, que tomou sobre si as dores da humanidade (Is 53,4-5). A cruz lembra aos enfermos que não estão sozinhos em seu sofrimento, pois Cristo se solidariza com eles e os sustenta pela sua graça.
No canto esquerdo, encontramos o jarro com o óleo, identificado pela inscrição “INF”, abreviação de Infirmorum (dos enfermos), que representa o óleo consagrado para este sacramento. Na tradição católica, o óleo é um símbolo de cura, força e unção divina. Conforme a Epístola de Tiago, o óleo é utilizado para ungir os enfermos, invocando a oração da Igreja para que eles sejam curados e renovados (Tg 5,14-15).
Uma folha de azeite transpassa o recipiente do óleo e a cruz, destacando a origem do óleo e sua ligação com a paz e a renovação espiritual, como no relato do dilúvio, onde a folha de oliveira simboliza a reconciliação entre Deus e a humanidade (Gn 8,11). Esse símbolo reforça a esperança de que o sacramento, além de promover a cura física, traz paz e conforto aos enfermos, restaurando-lhes a confiança e a serenidade para enfrentar a doença ou a morte.
Todos esses elementos estão dispostos sobre um pano dourado com três linhas, que simboliza a luz e a glória da vida eterna, recordando que este sacramento prepara o enfermo para a passagem final e para o encontro com Deus, se for essa a vontade divina. A cor dourada representa a esperança na vida eterna, concedida por Cristo, e o pano em três linhas remete à Santíssima Trindade, que sustenta e consola o fiel até o último momento da sua peregrinação terrena.
Medalhão do Sacramento da Reconciliação
Também conhecido como sacramento da Confissão, expressa a graça do perdão e a renovação espiritual oferecida por Deus a quem busca seu arrependimento sincero.
No centro, destaca-se uma cruz, símbolo universal do sacrifício de Cristo, que reconciliou a humanidade com Deus. A cruz é o sinal do amor redentor de Cristo, que perdoa os pecados e oferece nova vida a todos que se aproximam deste sacramento de coração aberto.
Ao lado esquerdo da cruz, três gotas de água representam o ato de purificação e de regeneração espiritual que a Confissão proporciona. Assim como a água no sacramento do Batismo purifica a alma, na Confissão ela simboliza o lavar das culpas e a renovação pela misericórdia divina (Sl 51,2).
A presença das três gotas não é aleatória; elas lembram as três etapas essenciais da conversão que a Confissão promove: arrependimento, confissão e emenda. O arrependimento é o primeiro passo, no qual reconhecemos nossas falhas; a confissão é o momento em que verbalizamos nossos pecados e buscamos a graça de Deus; e a emenda é o compromisso de transformação, impulsionado pela graça do sacramento.
Através deste sacramento, somos chamados a um exame de consciência sincero, a uma conversão autêntica e ao compromisso de viver de acordo com o Evangelho.
Medalhão da Primeira Eucaristia
No medalhão dedicado ao sacramento da Primeira Eucaristia, vemos uma composição centrada nos elementos essenciais da celebração eucarística: o cálice e a hóstia, que ocupam o centro do medalhão. O cálice, símbolo do Sangue de Cristo derramado para a salvação da humanidade, sustenta a hóstia, representando o Corpo de Cristo. Este arranjo central evoca as palavras de Jesus na Última Ceia: “Tomai e comei; isto é o meu corpo… Tomai e bebei; este é o cálice do meu sangue” (Mt 26,26-28). A presença do cálice e da hóstia juntos, neste sacramento, nos remete à oferta total de Cristo e ao convite à comunhão com Ele.
Ao redor do cálice e da hóstia, vemos as figuras do trigo e das uvas, que são os elementos do pão e do vinho, matérias consagradas que se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo pelo poder do Espírito Santo e pelas palavras do sacerdote (CIC, 1333). O trigo e a uva evocam a unidade do Corpo de Cristo: assim como os grãos de trigo e as uvas se juntam para formar um pão único e um vinho único, os fiéis, unidos pela Eucaristia, formam um só corpo em Cristo (CIC, 1329).
Medalhão do Sacramento da Confirmação
Observamos a representação do Espírito Santo através de uma pomba, que irradia um raio resplandecente. Na ponta de cada raio, sete línguas de fogo simbolizam os sete dons do Espírito Santo, derramados sobre o fiel que recebe o sacramento. Esses dons são infundidos para fortalecer a fé e capacitar o cristão a viver de maneira mais plena sua vocação e missão na Igreja.
A pomba do Espírito Santo é uma imagem amplamente usada na iconografia cristã, representando o momento em que o Espírito desce sobre o fiel, como aconteceu com os Apóstolos no Pentecostes (At 2,1-4). Nesse episódio, o Espírito Santo foi derramado sobre a comunidade, capacitando-a a testemunhar e difundir o Evangelho. A pomba, emitindo raios resplandecentes, indica que o Espírito Santo é a fonte de luz e sabedoria para os crismados, guiando-os ao discernimento e ao compromisso com a verdade de Cristo.
As sete línguas de fogo representam cada um dos sete dons do Espírito Santo: sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus (Is 11,2-3). Esses dons são dons espirituais fundamentais que moldam e fortalecem o caráter cristão. A sabedoria permite que o fiel veja o mundo através dos olhos de Deus; o entendimento aprofunda o conhecimento da verdade divina; o conselho auxilia nas decisões conforme a vontade de Deus; a fortaleza concede coragem para enfrentar adversidades; a ciência ilumina o entendimento das coisas criadas; a piedade intensifica o amor e o respeito por Deus; e o temor de Deus inspira reverência e humildade.
O fogo é um símbolo poderoso de purificação e transformação. Assim como o fogo purifica o ouro, o Espírito Santo purifica e eleva a alma daqueles que recebem o Crisma, fortalecendo-os contra as tentações e dando-lhes a força para perseverar na fé. Como ensina o Catecismo da Igreja Católica, o Crisma nos configura mais plenamente a Cristo, concedendo-nos uma “marca espiritual, ou selo”, que torna o cristão capaz de ser verdadeira testemunha de Cristo e de viver como discípulo missionário.
Este medalhão, assim, recorda que a Confirmação é o sacramento que nos fortalece e nos insere mais profundamente na missão da Igreja, capacitando-nos a ser, pelo testemunho e pela palavra, sinais vivos da presença de Cristo no mundo.
Medalhão do Sacramento do Batismo
Oo elemento central é o Círio Pascal, que simboliza a luz de Cristo ressuscitado, a verdadeira Luz do mundo. O Círio é aceso na Vigília Pascal e, em muitos contextos litúrgicos, representa a presença de Cristo que ilumina e purifica. No Batismo, o Círio Pascal representa a luz da fé que é entregue ao novo cristão. Quando alguém é batizado, é introduzido na vida cristã pela luz de Cristo, como um sinal de que a escuridão do pecado foi dissipado pela ressurreição do Senhor (Jo 1,5).
À frente do Círio Pascal, encontramos uma concha com água, que simboliza o meio de purificação e renovação. A água é um símbolo fundamental no cristianismo, representando tanto a criação (Gn 1,2) quanto a purificação. A água do Batismo não apenas limpa o pecado original, mas também nos torna novas criaturas em Cristo. Na tradição bíblica, a água também está associada à ação do Espírito Santo, que dá vida e renova (Jo 3,5).
De dentro da concha, saem três gotas de água, representando os três momentos da invocação trinitária no Batismo: “Eu te batizo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Essas gotas simbolizam a purificação que acontece pela ação da Santíssima Trindade, que se revela plenamente na vida do cristão desde o momento do Batismo. Cada gota pode ser vista como uma expressão do vínculo entre os três membros da Trindade, unidos na obra de nossa salvação. O número três reforça a ideia de perfeição e completude na ação divina, com a participação plena do Pai, Filho e Espírito Santo no sacramento (Mt 28,19).
O Batismo, portanto, não é apenas um rito de purificação, mas também de acolhimento na Igreja, a família de Deus. A água não só limpa o pecado original, mas também nos insere na comunidade de fé e nos torna membros do Corpo de Cristo, estabelecendo a união com a Igreja e com todos os batizados em Cristo. A luz do Círio Pascal ilumina o novo cristão, assim como a chama do amor de Cristo ilumina cada passo de nossa caminhada de fé.
Muito mais do que uma simples passagem:
É um caminho de fé e reflexão. Cada medalhão nos recorda a presença de Deus que nos acompanha em cada momento da vida, nutrindo e fortalecendo nossa jornada. Convidamos a todos os fiéis a percorrerem este espaço sagrado, a observarem cada símbolo com o coração aberto, permitindo que essa experiência aprofunde sua relação com Deus.