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Krajewski na Ucrânia: raiva e tristeza diante dos túmulos de jovens mortos na guerra


O cardeal Krajewski foi a Ternopil para entregar uma ambulância como presente do Papa ao país ferido pela guerra. No início da manhã de hoje, ele parou no cemitério: “Vi fotos de rapazes de 20 anos e fiquei muito irritado. Por que em 2024 ainda há pessoas morrendo em guerras?”. O cardeal inaugurou um centro de reabilitação que leva o nome de João Paulo II: “Quer ajudar quem sofre, quem está destruído, a retomar a vida”.

Vatican News

Foi um momento intenso vivido pelo esmoleiro do Papa, cardeal Konrad Krajewski, na manhã desta quarta-feira (26/06), no cemitério de Ternopil, cidade situada no oeste da Ucrânia onde o esmoleiro entregou ao hospital do distrito de Zboriv uma ambulância equipada como centro móvel de reanimação, ​​junto com vários medicamentos essenciais e que salvam vidas fornecidos pela Farmácia do Vaticano e pela Farmácia do Hospital Gemelli. Estes são os novos presentes do Papa para esta população ferida pela guerra: “Um sinal de amor e de esperança”, disse o cardeal Krajewski aos meios de comunicação do Vaticano, pela sétima vez no país atacado desde o início do conflito.

Diante dos túmulos dos jovens que morreram na guerra

O purpurado polonês chegou a Lviv na última terça-feira (25/06), e nesta quarta-feira, por volta das 4h da manhã, chegou a Ternopil. “Cheguei a Ternopil bem cedo”, contou Krajewski, “e o pároco ainda estava dormindo. Para não acordá-lo, fui ao cemitério próximo e havia uma área para os soldados que tinham acabado de ser sepultados. Jovens, jovens, sob a cruz, suas fotos: 20-23-25 anos… Fiquei mal e até mesmo com raiva: “Como é possível que em 2024 os jovens ainda morrem na guerra? Senhor, chega disso!” Não é possível que o mundo produza armas, que todos ganhem dinheiro e que esses jovens perdem suas vidas”.

Misericórdia

Essa tristeza aumentou quando o cardeal, em um determinado momento, viu uma jovem mulher chegar: “Ela estava não muito longe de mim, em frente ao túmulo do marido, e estava grávida. Em meu brasão tenho esta palavra: misericórdia. Mas hoje realmente tive dificuldade com a misericórdia. Por que ainda atiram, por que matam? Eu sei que a misericórdia é um escândalo, que supera a justiça, que é o segundo nome de Deus, mas hoje eu tive dificuldade de aplicar essa palavra. Eu estava muito irritado no cemitério na Ucrânia. Então as palavras da ladainha do Sagrado Coração voltaram à minha mente, e pensei que não posso julgar de acordo com o mundo e me acalmei”. “Nós, homens”, acrescentou o cardeal, “somos capazes de fazer coisas extraordinárias no mundo, mas também coisas terríveis, sem piedade, e isso está acontecendo há mais de dois anos na Ucrânia”.

Inauguração do Centro de Reabilitação “João Paulo II”

Além de entregar a ambulância, o cardeal Krajewski inaugurou, junto com os bispos locais, o Centro de Reabilitação “São João Paulo II” na Diocese católica romana de Kamyanets-Podilskyy, para a reabilitação integral, física e psicológica de quem sofreu os traumas de guerra. “Vão ali soldados e as famílias daqueles que voltam, mas estão destruídos, não conseguem viver com suas famílias, e precisam ser cuidados”, disse o esmoleiro aos meios de comunicação do Vaticano. “Abrir esse centro me fez lembrar de um pensamento que João Paulo II nos ensinou, ou seja, que meu amigo é a pessoa por meio da qual eu me torno melhor. Este centro, portanto, quer ser um amigo para aqueles que sofrem, para aqueles que estão destruídos, para ajudá-los, por meio de psicólogos e psiquiatras, a retomar a vida”.

O abraço do Papa às diferentes comunidades ucranianas

Krajewski retornará a Lviv. Ao longo do caminho, disse ele, fará uma parada para visitar diferentes comunidades “para estar com as pessoas, para levar-lhes um abraço, um sinal de esperança do Santo Padre, para dizer-lhes que ele reza por elas durante cada audiência e Angelus, que ele não as esquece e está perto delas”. “Até mesmo esses medicamentos trazidos aqui são um sinal de amor e esperança”, enfatizou o cardeal, que lembrou que 240 caminhões partiram de Roma desde fevereiro de 2022, início do conflito, com medicamentos, alimentos e roupas. “A situação aqui ainda é terrível, atiram, ouve-se alarmes de sirenes. Mas também se ouve a parte boa das pessoas que ajudam e ajudam há meses, sem esquecer de forma concreta aqueles que sofrem”.



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